quinta-feira, 2 de junho de 2011

Elizabete Rocha expõe na Galeria Lunara

IDENTIDADE E ANONIMATO EM EXPOSIÇÃO NA GALERIA LUNARA


A Prefeitura de Porto Alegre, através da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal de Cultura, inaugura no dia 9 de junho, às 19 horas, na Galeria Lunara a exposição fotográfica Imagens do Anonimato: Fotografia e Identidades Intangíveis na Contemporaneidade, de Elizabete Rocha. A Galeria Lunara vem se pautando nos últimos 10 anos por promover exposições que tenham caráter de pesquisa em arte fotográfica, exibindo desde trabalhos de nomes consagrados a obras de fotógrafos e artistas ainda em início de carreira.

A exposição de Elizabete Rocha apresenta 20 imagens, divididas em diferentes séries narrativas: Universo, a Casa Misteriosa (2009), Anônimos (2007-2010), Identidades Impalpáveis (2010) e uma série de fotomontagens por fotogramas, chamada Os Vagantes (2009). Através destas imagens, Elizabete Rocha tece comentários acerca da problemática da identidade e questões do anonimato nos tempos atuais, ditos hiper modernos. A curadoria da exposição ficou a cargo de Niura Legramante Ribeiro.

Elizabete Rocha se dedica mais sistematicamente à fotografia desde 2003, registrando em seu currículo vários cursos, 13 exposições coletivas em espaços de arte em Porto Alegre e uma no Rio de Janeiro, além de audiovisuais selecionados pelo Festfoto Poa e Paraty em Foco, em 2008. Finalista P&B do Concurso Anual da Leica-Fotografe Melhor (2008), também é co-autora de um livro de fotografias financiado pelo FUMPROARTE em 2005. Na presente exposição, apresenta trabalhos realizados durante o Curso de Especialização Poéticas Visuais: Fotografia, Gravura e Imagem Digital, da Universidade Feevale, que finaliza em maio de 2011, com a apresentação de seu trabalho de conclusão.

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Apresentamos, abaixo, texto da Curadora Niura Legramante Ribeiro Sobre a Exposição.

O AVESSO DA IDENTIDADE: subtrações de singularidades


As séries fotográficas em preto e branco de Elizabete Rocha para esta exposição propõem questionamentos sobre a identidade do ser humano na contemporaneidade. Na série Os Anônimos (2007-2010) a artista captura vultos de pessoas em contraluz que entram e saem em salas escuras, enquadrados por espaços de geometrias de luzes e circundados por planos enegrecidos. O contraste de luzes e sombras bem poderia lembrar a natureza visual de um negativo fotográfico. São imagens registradas em baixa velocidade que exploram vestígios do tempo estendido das trajetórias de deslocamentos de corpos nos espaços. A produção das imagens é operacionalizada pela desconfiguração do caráter de realidade dos corpos, que se apresentam em silhuetas e nada dizem sobre suas respectivas identidades. São corpos aplainados e, por vezes, esvanecidos que desindividualizam quaisquer características físicas e desabilitam o reconhecimento de singularidades. Em relação à configuração tradicional do retrato, a artista trabalha por subtração ao extrair as volumetrias dos corpos e os traços fisionômicos que permitiriam uma identificação de pertencimento social dos indivíduos. A série Identidades Impalpáveis (2010) é composta por superfícies enegrecidas que parecem ter absorvido os corpos que por ali passaram e conservam apenas os espaços de luzes dos ambientes. É a luz que brota da escuridão ou seria a escuridão tentando apagar a luz? Esta parece resistir ao seu iminente desaparecimento no espaço. Em alguns trabalhos da série Os Vagantes (2009) a luz enforma silhuetas brancas de corpos, dispostos em ambientes de paisagens. Tais vestígios de corpos se entrelaçam às texturas provenientes das sobreposições dos fotogramas entre as figuras humanas e paisagens da Patagônia, do Parque Itapuã e do Lago Guaíba. Na série Universo, Casa Misteriosa (2009) imagens de grupos de pessoas em silhuetas no deserto do Atacama são sobrepostas digitalmente com imagens da lua obtidas no Planetário da UFRGS. São seres difusos, sem identidades visíveis e em escala minúscula frente à grandeza do universo. As séries fotográficas de Elizabete Rocha aludem à intangibilidade das identidades, numa tentativa de representar o ser humano massificado pelo cotidiano e pela velocidade do mundo contemporâneo – alguém que não dispõe mais de tempo para refletir e evitar que sua mente e seu corpo sejam colonizados pelo que ditam as regras sociais do momento.


Niura Legramante Ribeiro

Mestre em Artes pela ECA/USP, Doutoranda no PPG-AVI da UFRGS, profª da Universidade Feevale e do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre.


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Elizabete Rocha

Imagens do Anonimato: Fotografia e Identidades Intangíveis na Contemporaneidade

Galeria Lunara
Av. Pres. João Goulart, 551 – Usina do Gasômetro – 5º andar
Abertura dia 9 de junho às 19h
Visitação: de 10 de junho a 10 de julho de 2011
De terças a domingos, das 9 às 21 horas
www.galerialunara.blogspot.com