terça-feira, 6 de maio de 2014

2008

Resumo de 2008

BIG – A Metrópole no século XXI 
Benjamin Marzys e Ricardo Schetty
De 16 de abril a 18 de maio de 2008
Exposição integrante do Projeto: BIG_ A Metrópole no século XXI

Alair Gomes – um voyeur natural (Projeções)
De 29 de maio a 22 de junho – na Galeria Lunara - Projeções
De 29/05 a 13/07 na Galeria Iberê Camargo – exposição de fotos originais

Beleza Imperfeita 
Mostra de Vídeos de Melissa Duarte / coletivo  AVAF 
De 25 de junho a 27 de julho de 2008

Amilcar Packer - Entre
De 6 de agosto a 7 de setembro de 2008
(projeto de intercâmbio com Galeria Vermelho de SP)

Charly Techio – Entre Espaços
De 11 de setembro a 12 de outubro

Beat Streuli – Projeções em Vídeo
De 6 de novembro a 5 de dezembro
Exposição integrante do Projeto Ásia: A Nova Onda Oriental.

Felipe Cama – Nus
De 11 de dezembro de 2008 a 01 de março de 2009.

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BIG – A Metrópole no século XXI 
Benjamin Marzys e Ricardo Schetty
De 16 de abril a 18 de maio de 2008
Exposição integrante do Projeto: BIG_ A Metrópole no século XXI

Ben Marzys
          As duas exposições previstas para o evento Big – A Metrópole no Século XXI inauguraram no dia 17 de abril,  na Galeria Lunara.
         A primeira delas mostra trabalhos do videoartista belga Ben Marzys. Radicado em Londres, Marzys formou-se em arquitetura na conceituada escola britânica Bartlett. Nesta sua primeira exposição no Brasil, o artista apresenta três trabalhos que estudam as mudanças na paisagem da região leste de Londres, em resposta política às obras que acontecerão na região preparando as Olimpíadas de 2012. São trabalhos de animação extremamente inovadores, que aliam registros fotográficos a recursos tecnológicos 3D, para compor paisagens urbanas de notas futuristas e atmosfera apocalíptica.

Ricardo Schetty


         A segunda exposição, Transfer Cidade, reúne foto-projeções de Ricardo Schetty e Pier Balestrieri. Fotógrafo de moda e colaborador das revistas Key e BIG, Schetty refotografou imagens de super-herós contemporâneos projetadas em prédios do centro de São Paulo, à noite. O editorial, publicado na revista Key, editada por Erika Palomino, foi concebido pelo fotógrafo Schetty e pelo diretor de arte e arquiteto Pier Balestrieri. Durante o coquetel de abertura das exposições, também estará sendo lançada a nova edição da revista Key, que traz em sua capa o trabalho da dupla Schetty/Balestrieri.


Alair Gomes – um voyeur natural (Projeções)
De 29 de maio a 22 de junho – na Galeria Lunara - Projeções
De 29/05 a 13/07 na Galeria Iberê Camargo – exposição de fotos originais 
 A exposição Alair Gomes: Um Voyeur Natural reunindo fotos da coleção do diplomata Joaquim Paiva, com curadoria de Alexandre Santos,  aconteceu em dois diferentes espaços da Usina do Gasômetro, a Galeria Iberê Camargo (no térreo) e a Galeria Lunara. No mesmo dia, aconteceu o lançamento do terceiro volume da coleção Escrita Fotográfica, dedicado ao trabalho de Gomes, com textos de Alexandre Santos e Joaquim Paiva.
        
         Alair Gomes (1921-1992) celebrizou-se por fotografar da janela de seu apartamento em Ipanema os corpos em movimento de rapazes que se exercitavam na beira da praia. Segundo o curador Alexandre Santos, professor do Instituto de Artes da UFRGS e especialista no trabalho de Gomes (objeto de sua tese de doutoramento, defendida em 2006), a obra do fotógrafo carioca “é bastante significativa no cenário da arte contemporânea, não somente para o Brasil, mas também para o mundo, dialogando com artistas como os norte-americanos Duane Michals e Robert Mapplethorpe”. Por se tratar sempre de imagens seqüenciais, o trabalho de Alair se diferencia da fotografia tradicional, fazendo fronteira com o cinema e a literatura. É inspirando-se em proposta do artista – elaborada através de um escrito dos anos 1970 – de dialogar com a linguagem fílmica que, nesta exposição, serão mostradas algumas das seqüências a partir de um slide-show na tremonha da Galeria Lunara e em projeções urbanas.


Até muito pouco tempo atrás, Gomes era visto como um nome maldito da fotografia brasileira, devido ao caráter marcadamente homoerótico de seu trabalho. Foi só depois de sua morte, em 1992, que seu nome começou a sair do ostracismo, a partir de uma exposição organizada pelo colecionador Joaquim Paiva na I Bienal de Fotografia de Curitiba, no ano de 1996. Na ocasião, o crítico e curador francês Hervé Chandés, diretor da Fundação Cartier de Arte Contemporânea, ficou impactado com a originalidade do trabalho de Gomes. Em 2002, Chandés dedicaria ao artista uma consagradora exposição individual em Paris, na sede da Fundação Cartier. O sucesso da exposição e do catálogo editado pela Fundação Cartier fizeram com que rapidamente o nome de Gomes passasse a circular no meio artístico internacional, ainda que no Brasil ele fosse relativamente desconhecido.
  
         Em Porto Alegre foram mostradas diversas seqüências das séries Sonatinas, Four Feet (Sonatinas, Quatro Pés) e Beach Triptychs (Trípticos de Praia), todas oriundas da coleção de Joaquim Paiva. Reconhecido como o maior colecionador de fotografia do País, com um acervo de cerca de 20 mil imagens de fotógrafos brasileiros e estrangeiros, Paiva foi o primeiro colecionador a possuir o trabalho de Gomes, seguido de Gilberto Chateaubriand e de instituições como o Itaú Cultural e o Museu de Arte de São Paulo (na coleção Pirelli/MASP). O espólio de imagens de Gomes está aos cuidados do importante Setor de Iconografia da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e é composto de cerca de 16 mil fotografias e 170 mil negativos.
        
         No dia 31 de maio,  na Sala P. F. Gastal  aconteceu a mesa-redonda O Legado de Alair Gomes, com a participação de Joaquim Paiva, do curador Alexandre Santos e da professora Blanca Brittes, do Instituto de Artes da UFRGS. Dia 26 de junho, a obra de Alair voltou a ser debatida na mesa Corpo e Arte Contemporânea, na Pinacoteca Barão de Sto. Ângelo, do Instituto de Artes da UFRGS. Além de Alexandre Santos, curador da exposição, participam do encontro as professoras e pesquisadoras Ana Albani de Carvalho (do Instituto de Artes da UFRGS) e Niura Legramante (do Atelier Livre da Prefeitura e da FEEVALE).
         

         Toda a programação teve entrada franca.


Mostra de Vídeos de Melissa Duarte / coletivo  AVAF 
De 25 de junho a 27 de julho de 2008
Exposição integrante do Projeto: Beleza Imperfeita
avaf
 O evento Beleza Imperfeita: Em Busca de uma Nova Estética, que se estendeu até o dia 27 de julho, teve o apoio da RBS TV e se constituiu em  uma mostra de filmes (na Sala P. F. Gastal) e de duas exposições (na Galeria Lunara), o objetivo do evento foi revelar como os padrões estéticos da chamada alta-cultura foram bombardeados, a partir da década de 50, pela ação de novos grupos sociais tão distintos quanto os beatniks, os hippies, os punks, os gays, o grunge, o white trash, entre outros, todos eles manifestações de uma cultura essencialmente jovem e urbana, cuja influência e presença no cenário artístico contemporâneo é cada vez mais evidente.
 A primeira exposição foi a mostra do coletivo avaf (assume vivid astro focus), que vem realizando individuais e coletivas em museus e galerias de cidades como NovaYork, Tóquio, Viena, Berlim e  Liverpool. Convidado para participar da próxima Bienal de São Paulo, o avaf desenvolve projetos que usam suportes tão variados quanto o vídeo, a escultura e os papéis de parede, em geral montados como instalações, e que lançam mão da ilustração e da manipulação de imagens para criar ambientes e atmosferas de forte carga sensorial, por vezes de temática sexual, em que ícones da cultura contemporânea freqüentemente figuram de maneira aleatória, recombinados com motivos influenciados pela Optical Art e pela cultura pop.
         A outra exposição apresentou trabalhos da fotógrafa brasileira radicada em Londres Mel Duarte. Graduada em Arte e Design pelo conceituado Central Saint Martins College, Mel Duarte apresenta em Porto Alegre flagrantes de jovens na noite londrina, revelando a irreverência e o estilo de personagens que se entregam ao hedonismo nos clubs de Londres. 
capa do folder /imagem de Mel Duarte

Amilcar Packer - Entre
De 6 de agosto a 7 de setembro de 2008
(projeto de intercâmbio com Galeria Vermelho de SP)

 Dando continuidade à parceria que vem desenvolvendo desde o ano de 2005 com a Galeria Vermelho, de São Paulo, a Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre realizou a exposição Entre, do artista Amílcar Packer, na Galeria Lunara .
A exposição reuniu trabalhos em vídeo e fotografia, entre os quais um especialmente concebido para a Galeria Lunara. Na metade de julho, Packer esteve na cidade, registrando em fotografia uma intervenção que realizou no Viaduto da Conceição, onde protagonizou uma arriscada performance em meio ao trânsito ininterrupto do local.
No dia 6 de agosto, às 19 horas, aconteceu um encontro com o artista no Auditório do Atelier Livre, no Centro Municipal de Cultura (Avenida Erico Veríssimo, 307).

Abaixo, segue texto assinado pelo crítico de arte Fábio Cypriano sobre o trabalho de Packer.
  
Nem lá, nem cá

O osso que se transforma em nave espacial, na clássica seqüência de 2001, Uma Odisséia no Espaço, do cineasta Stanley Kubrick, é uma das mais simbólicas cenas da idéia de transição na história do cinema. A cadeira que Amilcar Packer lançou no espaço, em 2006, “Vídeo # 14”, faz parte de uma série de trabalhos do artista que também aborda a idéia de transição.
Entretanto, ao contrário da narrativa cinematográfica, que apresenta o antes e o depois do osso no espaço, criando polaridades como selvagem versus civilizado, o que tem interessado a Packer é a possibilidade da transição em si. Para o artista, importa a não-situação, um momento entre dois momentos, quando racionalizações tornam-se desnecessárias, já que a experiência em si é o que interessa.
Isso ocorre em trabalhos como “Vídeo # 01”, de 2002, no qual Packer caminha pelo rodapé, transformando em passarela aquilo que apenas representa uma arquitetura de transição entre o piso e a parede. Porque o artista se apropria de espaços transitórios no mundo é que ele quer que o próprio observador de suas obras possa experimentar o mundo em situações ambíguas.
Nas obras que Packer selecionou para a galeria Lunara, em Porto Alegre, a experiência é, de fato, questão fundamental. Menos que um conjunto de obras expostas de maneira linear e tradicional, “Entre”, o nome da mostra, busca também ativar a circulação tanto física como do olhar do espectador em distintos planos.
Com isso, Packer procura que o visitante mimetize seu próprio processo de trabalho, subvertendo a forma de ocupação dos espaços. Não é só o artista quem “caminha” pelos muros e grades de um quarteirão paulistano, como se observa nas fotos de “360º = 52m = 347 fotos”, na fronteira entre o público e o privado, mas ele leva o olhar do visitante a percorrer não só paredes como os próprios batentes do espaço, propiciando novos desafios.
Assim, o artista ocupa de forma não usual o espaço já desafiador para uma exposição. Por isso, para se observar “Hífen”, duas imagens que retratam uma cadeira suspensa numa via elevada, o visitante precisa entrar num alçapão até então não utilizado nas exposições da Lunara e ele mesmo conquistar um novo ângulo de visão.
Essa preocupação com o local e o respeito por fazer com que o visitante tenha uma relação corpórea com suas obras levaram Packer a também realizar um trabalho em Porto Alegre. Quando esse texto era escrito, se realmente seria exposto era uma questão, mas certamente a experiência da cidade irá mudar a percepção do artista, assim como se espera que o visitante saia da mostra com um novo olhar.Fábio Cypriano

Charly Techio – Entre Espaços
De 11 de setembro a 12 de outubro

O ensaio Entre Espaços apresenta as pessoas (sujeitos que modificam os espaços com e através do tempo) em relação aos espaços, ao mundo que as contém, e as fotografias, de certa forma, propõem que se torne estacionário esse processo mutável, pelo menos por um instante.
As pessoas inseridas numa paisagem, observando-a em sua plena mutação, permitindo que o expectador veja a mesma cena que foi recortada no tempo, e outra nova, um detalhe que talvez a pessoa fotografada nunca tenha visto, formando uma relação direta do sujeito com o espaço, integrando o observador a um novo universo.
Nascida em Santa Catarina, Charly trabalha e vive em Curitiba. É formada em Publicidade e pós-graduada em Fotografia, e atualmente está cursando sua segunda especialização, em História da Arte Moderna e Contemporânea.
Seu trabalho autoral foi apresentado em diversos salões de arte, mais recentemente em Atibaia/SP; em exposições individuais: "In Memorian" no Hall da secretaria de cultura em Curitiba, e no Museu de Arte Contemporânea de Cascavel  e coletivas na Casa França-Brasil, Memorial de Curitiba e outros locais.



Beat Streuli – Projeções em Vídeo
De 6 de novembro a 5 de dezembro
Exposição integrante do Projeto Ásia: A Nova Onda Oriental.

De nacionalidade suíça, o artista Beat Streuli elegeu o deslocamento entre as metrópoles como sua rota de atuação. A partir de viagens constantes a algumas das mais representativas cidades do planeta – Tóquio, Nova Iorque, Telaviv etc. –, ele compõe vastos painéis onde figuram rostos perdidos em meio às multidões, justapostos em impressões fotográficas de dimensões tão grandiosas quanto uma muralha construída no deserto da Jordânia ou em slide shows que alternam expressões faciais em múltiplas combinações aparentemente aleatórias.
Em sua larga maioria pedestres absortos, alheios à câmera que os registra em momentos de distração ou profunda reflexão íntima, os objetos de Streuli são pessoas comuns, anônimas, que surgem na obra do artista como figurantes na orquestração maior das vidas humanas.  O resultado destas composições constitui um quase “não-trabalho”, isto é, um registro distanciado e minimalista de homens e mulheres em suas peregrinações, coordenados por motivos tão subalternos e mundanos quanto nos impõem as rotinas cotidianas nas grandes cidades mundiais.   

Em Porto Alegre, Streuli apresenta dois de seus mais recentes trabalhos, ambos feitos em Guanzhou, na China. Uma projeção fotográfica e um vídeo rodado em uma estação de trem serão exibidos na Galeria Lunara, formando um mosaico de rostos humanos reveladores das angústias, tormentas, esperanças e anseios da população que hoje mais cresce no planeta.  

Felipe Cama – Nus
De 11 de dezembro de 2008 a 01 de março de 2009.


Em sua primeira individual em Porto Alegre, Felipe Cama apresentou três séries de trabalhos que tratam da natureza digital das fotografias que circulam pela internet.

Nas obras da série Nu Binário, Felipe utiliza séries de fotografias pornográficas anônimas encontradas na internet e o próprio código binário delas para formar imagens lenticulares híbridas que nos fazem lembrar a condição digital destas fotografias. Em outra série, Felipe Cama expõe dípticos de grande formato adesivados diretamente nas paredes da galeria. Estas obras mostram pares de imagens semelhantes, ambas construídas a partir de fotos  encontradas na internet. De um lado, uma foto de um nu clássico de Matisse, pintor modernista. Do outro, uma foto anônima, de uma mulher que "talvez" se chame Flávia. Ambas guardam grande semelhança pictórica.

O artista iniciou sua pesquisa questionando as imagens pornográficas que circulam pela web  na forma de spams e entopem nossas caixas de e-mail. Como elas são produzidas e distribuídas? Quem as consome?
Estas são imagens digitais que, provavelmente, nunca serão materializadas na forma de papel e sal de prata. São como estudos de nu digitais, reduzidos à sua mais simples condição: seu próprio código binário..
Felipe Cama (1970) é gaúcho de Porto Alegre e vive e trabalha em São Paulo. Acaba de fazer uma exposição em Mumbai, India. Entre suas exposições estão individuais no Centro Cultural São Paulo (2007), no Museu de Arte de Ribeirão Preto (2006), no Museu de Arte de Blumenau (2006) e na Galeria Leme, em São Paulo (2005).

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